Sete sinais da crise climática no Brasil
Chuvas, inundações, estiagens e temperaturas recordes. Nos últimos quatro anos, 40% dos municípios declararam estado de emergência em decorrência dos extremos climáticos. Em consequência, número de afetados dispara – 26 milhões em todo o país
Publicado 24/10/2023 às 15:46
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Por Pedro Tavares e Renata Buono, na Piauí
Desde janeiro de 2019, 40% das cidades brasileiras declararam estado de emergência por tempestades, inundações, enxurradas ou alagamentos. No ano passado, 13 a cada 100 brasileiros foram atingidos por eventos climáticos extremos. A série histórica mostra que casos assim vêm se tornando mais frequentes, o que confirma a tese de ambientalistas de que entramos para valer na era da crise climática. Os últimos meses deram ao Brasil uma amostra disso: temperaturas recorde em todo o país, seca extrema no Norte e chuvas torrenciais no Sul. O =igualdades mostra algumas evidências da crise.
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O Amazonas é um dos estados que mais sofre com a estiagem na região Norte. Em um ano, perdeu 13,9 mil km² de superfície de água. É o equivalente a onze vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
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Em setembro, o total de chuva registrado na estação meteorológica convencional de Belém (PA) foi de 32,7 milímetros, o equivalente a 27% da média histórica de 120,1 mm. Esse também foi o mês que registrou a maior temperatura dos últimos 33 anos na capital.
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Enquanto Belém sofria com a seca, a capital do Rio Grande do Sul registrava, em setembro, o maior acumulado de chuva em um único mês desde o começo da série histórica, em 1916. As tempestades no Sul deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados.
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O sétimo maior rio do mundo passa por uma seca histórica. Dois anos atrás, chegou a ter 30,2 metros de profundidade, um dos maiores níveis já registrados. A estiagem de 2023, no entanto, causou uma diminuição drástica no nível d’água. Em outubro deste ano, o Rio Negro baixou a 13,2 metros de profundidade, menor nível já registrado.
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Mais de duas mil cidades do Brasil declararam estado de emergência desde 2019 devido a tempestades, inundações, enxurradas ou alagamentos. Ou seja: 40% dos municípios brasileiros passaram por eventos extremos desse tipo nos últimos quatro anos.
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O número de pessoas que tiveram de sair de suas casas devido a chuvas intensas em 2022 supera o acumulado dos cinco anos anteriores. Até então, o recorde tinha se dado em 2020, quando 208 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas. No ano passado, foram 576 mil, mais que o dobro.
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O Brasil tem registrado eventos climáticos extremos com mais frequência. Em 2022, 26,2 milhões de brasileiros foram atingidos por eventos desse tipo, número 75% maior que o registrado no ano anterior.